Na visão da Energycoop, a gestão de resíduos orgânicos urbanos representa uma oportunidade estratégica — não apenas para reduzir impactos ambientais, mas também para gerar valor econômico e fortalecer a economia circular. Diariamente, toneladas de matéria orgânica são produzidas em lares, comércios e indústrias. Quando esses resíduos não recebem tratamento adequado, os efeitos negativos se espalham pelo solo, pela água, pelo ar — e por toda a comunidade.
Neste artigo, vamos explorar como funcionam os dois principais caminhos tecnológicos — a compostagem e a biodigestão —, compará-los, e analisar se sua combinação pode trazer vantagens. Nosso objetivo: oferecer uma visão atualizada, alinhada à missão da Energycoop, de transformar desafios em soluções lucrativas e sustentáveis.
O que são resíduos orgânicos urbanos?
Resíduos orgânicos são materiais de origem biológica — restos de alimentos, cascas de frutas e legumes, folhas, galhos, serragem, esterco, entre outros. Esses materiais são degradáveis por microrganismos (bactérias, fungos, etc.).
Em contexto urbano, “resíduos orgânicos urbanos” ou “bio resíduos” referem-se à fração de origem vegetal ou animal gerada em residências, empresas, serviços, agricultura ou pecuária.
Quando bem geridos, esses resíduos deixam de ser “problema” e passam a ser recursos — podendo virar adubo, energia ou insumos para novas cadeias produtivas.
Como funciona o tratamento de bio resíduos urbanos?
1. Compostagem
A compostagem é um processo aeróbico, ou seja, ocorre na presença de oxigênio. Microrganismos degradam a matéria orgânica, transformando-a em composto orgânico-estável (ou adubo orgânico). A tecnologia é relativamente simples, de baixo custo, e pode ser aplicada em escalas municipais, empresariais ou comunitárias. No Brasil, há um avanço relevante em programas municipais de compostagem. Abrema+2Itaipu Parque Tec+2
Benefícios:
- Redução de envio de resíduos para aterros e lixões. Abrema
- Produção de composto para solos, hortas e áreas verdes. Semana Compostagem
- Contribuição para mitigação de gases de efeito estufa (ao evitar metano gerado em aterro). Abrema+1
Desafios: - Requer separação adequada na fonte (isto é, separação dos orgânicos dos demais resíduos).
- Necessita educação e engajamento dos geradores. Abrema
- Pode depender de espaço para a compostagem e de controle operacional (umidade, oxigênio, tempo).
2. Biodigestão (Digestão Anaeróbia)
Na biodigestão — ou digestão anaeróbia — a matéria orgânica é decomposta por microrganismos em ambiente sem oxigênio, dentro de um biodigestor. Os principais produtos são:
- Biogás (mistura de metano + dióxido de carbono) → pode ser usado como fonte de energia. Remunom+2Unido+2
- Digestato ou biofertilizante → material rico em nutrientes, que pode ser usado como fertilizante ou condicionador de solo. Remunom
Vantagens: - Produção de energia renovável, o que cria nova cadeia de valor. Unido+1
- Redução dos resíduos enviados a aterros, e captura de metano que de outra forma seria emitido. Remunom+1
- Possibilidade de integração em escala industrial ou em complexos agroindustriais.
Desafios: - Investimento inicial maior (instalação de biodigestor, controles, infraestrutura). Remunom+1
- Necessidade de boas condições operacionais (temperatura, mistura, tempo de retenção). Remunom
- Gestão de subprodutos/tópicos técnicos (ex: sulfeto de hidrogênio, siloxanos) quando aplicável. Remunom
Comparativo: Compostagem x Biodigestão

| Critério | Compostagem | Biodigestão (Anaeróbia) |
| Complexidade operacional | Baixa a média | Média a alta |
| Investimento inicial | Relativamente baixo | Elevado – depende da escala |
| Produção de energia | Não | Sim – biogás produzido |
| Produção de fertilizante | Sim – composto orgânico | Sim – digestato ou biofertilizante |
| Adequação para grandes volumes | Sim, mas escalabilidade pode limitar | Melhor para fluxo contínuo e volumes |
| Aplicabilidade urbana | Alta, descentralizada | Pode exigir grande escala/investimento |
| Mitigação de metano em aterro | Sim, evita envio para aterro | Sim, captura metano + gera energia |
| Requisitos de segregação | Essencial | Essencial |
Na avaliação da Energycoop, ambos os processos têm lugar — o importante é adequar à realidade local, ao volume gerado, aos recursos disponíveis e aos objetivos de negócio e impacto.
Qual é a melhor tecnologia para tratar resíduos orgânicos urbanos?
Não existe uma resposta “única” que funcione para todos os casos. A melhor escolha depende de fatores como: volume de resíduos, continuidade de geração, espaço disponível, capital para investimento, foco de negócio (energia vs adubo vs ambos) e aspectos regulatórios/locais.
- Se o volume é moderado, se a estrutura e o capital são limitados, a compostagem pode ser a alternativa mais imediata e eficiente.
- Se o volume é grande, se a continuidade da geração é garantida (por exemplo, indústria, agronegócio ou grande gerador urbano), a biodigestão pode trazer maiores retornos (energia + fertilizante).
- Em muitos casos, a estrutura combinada (compostagem + biodigestão) pode ser uma solução inteligente, como veremos a seguir.
É possível combinar compostagem com biodigestão? Sim — e isso traz vantagens
A união dessas tecnologias permite aproveitar ao máximo o potencial dos resíduos orgânicos urbanos, gerando tanto energia quanto adubo, e fortalecendo o negócio e impacto da Energycoop.
Como pode ocorrer a combinação prática?
- Os resíduos orgânicos são inicialmente direcionados a um biodigestor para geração de biogás e biofertilizante.
- O digestato resultante pode então passar por uma etapa de compostagem (ou mistura com outros resíduos secos) para estabilização adicional e produção de adubo de alta qualidade.
- Alternativamente, resíduos mais secos ou de menor carga orgânica podem ir diretamente para compostagem, enquanto frações com maior umidade/qualidade ficam para biodigestão.
- Esse modelo híbrido permite flexibilidade operacional e maximização de valor.
Por que adotar esse modelo?
- Geração de múltiplos produtos: energia renovável (biogás) + fertilizante orgânico (composto ou digestato).
- Maior resiliência técnica: se uma linha estiver parada, a outra pode continuar operando.
- Atende diferentes mercados e públicos — adubo para horticultura, agricultura urbana, paisagismo; energia para utilidades, cogeração, uso térmico.
- Alinhamento com a estratégia da Energycoop: transformar resíduos em valor, gerar impacto e rentabilidade.
Oportunidades para a Energycoop
- Consultoria e implantação de sistemas: apoiar municípios, condomínios, grandes geradores urbanos e indústrias na implementação de compostagem ou biodigestão.
- Geração de produtos comercializáveis: adubo orgânico certificado, biogás para abastecimento térmico ou elétrico, ou até injeção na rede (dependendo da escala).
- Parcerias público-privadas e incentivo: no Brasil há um contexto favorável de políticas ambientais, economia circular e incentivos para biogás. Exemplo: o setor de biogás e biometano teve alta visibilidade em 2025. Portal Energia e Biogás+1
- Educação e mobilização: promover e engajar geradores de resíduos — residências, comércios, restaurantes — para separação na fonte, e destacar os benefícios da compostagem (exemplo: a Semana da Compostagem Brasil 2025 envolveu mais de 886 mil kg de resíduos compostados. Semana Compostagem
- Modelos descentralizados: como muitos municípios já avançam em compostagem descentralizada no Brasil. Abrema
Para a Energycoop, a gestão de resíduos orgânicos urbanos não é apenas uma questão ambiental — é uma estratégia de negócio sustentável. Tanto a compostagem quanto a biodigestão têm lugar e podem agir em conjunto para maximizar benefícios.
A escolha da tecnologia — ou da combinação — deve ser orientada pela realidade local: volumes, geradores, recursos, espaço, logística e objetivos. Com o planejamento adequado, é possível transformar resíduos em energia, adubo, economia, inovação e impacto positivo.
Continuie lendo: O futuro do biogás no Brasil: inovação, sustentabilidade e novas oportunidades



